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domingo, 11 de outubro de 2009

O uniforme mágico da invisibilidade

Quando era criança, lembro-me bem que o sonho das coleguinhas de aula era ter uma capa com capuz igual a da Sheila do desenho animado caverna do dragão (Dungeons & Dragons), a capa que dava o poder da invisibilidade. Hoje, mas modernas as crianças querem o manto do Harry Potter cujo poder é similar.

Agora crescido, muitas vezes, até eu e muita gente que conheço e desconheço, precisa de uma capa igual a das ficções.

Porém, ao conversar com Adriane Venâncio, varredora de ruas da Comcap, percebi que realmente existe uma forma de se tornar invisível e nem é preciso uma capa igual a da Sheila, do Harry Potter ou o avião da mulher maravilha e sim de um simples uniforme de faxineiro.
Este uniforme me torna invisível perante os olhos da sociedade, mas isso para mim é uma terapia, trabalho meio período e recebo de forma honesta mais que muitas patricinhas estudadas, disse-me ela com um sorriso nada envergonhado no rosto.

A invisibilidade social é um termo que nasceu junto com o capitalismo e está relacionada a pessoas socialmente invisíveis seja pela indiferença ou pelo preconceito. Nossa sociedade está inserida num mercado de consumo cada vez mais forte, as altas tecnologias tornam produtos ultrapassados em poucas semanas e as pessoas que não podem acompanhar essas mudanças devido à falta de dinheiro, tornam-se transparentes à vista dos outros.

Há outros fatores que ocasionam a invisibilidade entre elas posso citar a estéticas e a cultura. Quando se é loiro de olho azul às pessoas tentem a tratar de um jeito totalmente diferente.

A invisibilidade já está inserida em nossa rotina e não a percebemos. Ao passar por um morador de rua, uma pessoa fumando maconha, um indiozinho vendendo artesanato isso já se tornou comum.

Segundo Gachet aceitar isso é violar os direitos humanos. “É preciso não só ver esses invisíveis, mas é preciso olhar eles e sentir junto com eles, é preciso colocar ‘óculos em toda humanidade’.”

sábado, 10 de outubro de 2009

O Contraste da Ilha de Santa Catarina


No céu, as nuvens tímidas de um dia nublado de primavera. Os trabalhadores já estão em seus postos preparados para devolver em bom estado o que nos foi tirado em decorrência do tempo. A Ponte Hercílio Luz foi fechada em 1982 e ainda permanece assim. Só os bravos operários caminham sobre ela em um árduo trabalho de revitalização.

O mar calmo e o vento gostoso que bate agora, querido leitor, fazem com que eu imagine o passado e veja os carros da época vindo do continente à ilha.

Os motoristas apressados que passam agora por de baixo ou pelo lado dela não são capazes de observar a beleza de uma das maiores pontes pênseis do mundo.

De um lado os prédios modernos escondem o passado histórico, do outro meio contraditório para uma cidade grande, um parque chamado da luz onde senhoras caminham com seus cachorros e casais de namorados sentados observam a paisagem.

Apesar de ainda ser início de outubro, os turistas às 10h da manhã já estão no mirante admirando e batendo fotos junto à ponte. A vista linda parece encantá-los, pois, nesse momento três turistas de Fortaleza me pedem para bater uma foto delas com o cartão postal da capital catarinense ao fundo.

Quando olho para o monumento em homenagem ao falecido governador do Estado, Hercílio Luz, posso imaginar a sua decepção, não só por não ver a sua idealização concluída mas, pelo lixo revirado que se encontra ao lado de sua estátua.

O mar, as pontes, o parque, os prédios modernos, a ligação do passado com o presente, remete-me a uma sensação estranha, sentimento de bem estar e paz, que nem as buzinas dos carros e o som da máquina de cortar grama ao meu lado esquerdo conseguem me despertar ira.

Amigo leitor, você mesmo que mora aqui na ilha desde criancinha que vê ou ao menos passa pelos patrimônios históricos todos os dias, registrem esse momento, tire um dia qualquer para observar com riqueza de detalhes a sua cidade, bata uma foto junto à ponte, na praça XV, visitem os museus e sejam verdadeiros manezinhos da ilha. Aproveite a bela paisagem que os cerca, é de graça e não se esqueça de preservá-la.

Joel Hallow Florianópolis