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domingo, 11 de outubro de 2009

O uniforme mágico da invisibilidade

Quando era criança, lembro-me bem que o sonho das coleguinhas de aula era ter uma capa com capuz igual a da Sheila do desenho animado caverna do dragão (Dungeons & Dragons), a capa que dava o poder da invisibilidade. Hoje, mas modernas as crianças querem o manto do Harry Potter cujo poder é similar.

Agora crescido, muitas vezes, até eu e muita gente que conheço e desconheço, precisa de uma capa igual a das ficções.

Porém, ao conversar com Adriane Venâncio, varredora de ruas da Comcap, percebi que realmente existe uma forma de se tornar invisível e nem é preciso uma capa igual a da Sheila, do Harry Potter ou o avião da mulher maravilha e sim de um simples uniforme de faxineiro.
Este uniforme me torna invisível perante os olhos da sociedade, mas isso para mim é uma terapia, trabalho meio período e recebo de forma honesta mais que muitas patricinhas estudadas, disse-me ela com um sorriso nada envergonhado no rosto.

A invisibilidade social é um termo que nasceu junto com o capitalismo e está relacionada a pessoas socialmente invisíveis seja pela indiferença ou pelo preconceito. Nossa sociedade está inserida num mercado de consumo cada vez mais forte, as altas tecnologias tornam produtos ultrapassados em poucas semanas e as pessoas que não podem acompanhar essas mudanças devido à falta de dinheiro, tornam-se transparentes à vista dos outros.

Há outros fatores que ocasionam a invisibilidade entre elas posso citar a estéticas e a cultura. Quando se é loiro de olho azul às pessoas tentem a tratar de um jeito totalmente diferente.

A invisibilidade já está inserida em nossa rotina e não a percebemos. Ao passar por um morador de rua, uma pessoa fumando maconha, um indiozinho vendendo artesanato isso já se tornou comum.

Segundo Gachet aceitar isso é violar os direitos humanos. “É preciso não só ver esses invisíveis, mas é preciso olhar eles e sentir junto com eles, é preciso colocar ‘óculos em toda humanidade’.”

1 comentários:

Naths disse...

ótiiimo texto, gostei muito, é muito realista, e expressa exatamente o que acontece, muito bom o tema abordado.
beijos.

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