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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dr. Google

                   Quem me conhece bem, ou nem tão bem assim, sabe que uso uma típica frase para me livrar de perguntas relacionadas a sentimentos:
                 - Eu vendi as minhas vias lacrimais para comprar cerveja. E, por isso, eu não choro.
                Mas, certos dias eu acordo com o corpo estranho, sinto que algo está errado comigo. Como odeio médicos e as filas em torno da área da saúde, sempre consulto um especialista rápido e prático chamado de Dr. Google, muito conhecido por grande parte da população mundial. Digito meus sintomas para ele e em seguida surgem “Aproximadamente 342.000 resultados (0,50 segundos)”. Mais eficaz do que isso impossível.  Mas, dentre os mais de 300 mil diagnósticos, o que mais me chamou a atenção foi que a maioria dizia ser “sentimentalismo” ou “carência”, como não sei lidar muito com essas coisas, simplesmente resolvi não misturar álcool e não sair nesta sexta-feira chuvosa de open bar na balada.
                Mas, uma pergunta vem à tona:
O porquê desse sentimentalismo e carência?
                Ano novo, talvez! Época em que a maioria dos mortais racionais fazem planos de melhorias de vida e demais clichês que abomino. Mas, no fundo, lá no fundo, eu realmente sei a resposta. E a sei bem!
                Tem nome, sobrenome e endereço próprio. Esse é o problema, o endereço. Ok! Realmente esse não é o maior problema, vou tentar explicar.
                A gente se conhece faz tanto tempo que, eu nem lembro ao certo como tudo começou. E o melhor de tudo é que devido a essa distância as coisas sempre fluíram naturalmente.Porém, eu sempre com os sentimento à flor da pele, iludindo-me um pouco além do normal, mas ele capricorniano sempre colocando o pé no chão e não me deixando sonhar e voar entre as nuvens. Talvez ele saiba mais de mim do que meus vizinhos que me viram crescer. Talvez ele me ouça mais do que meus próprios amigos que convivo e tenho contato fisicamente diariamente. Até então, ele era apenas um amigo virtual que as probabilidades de encontro eram remotas. Mas, eis que o dia do encontro chegou.
                E aquele sorriso tímido que eu conhecia das fotos e conversas online era mais lindo pessoalmente. E aquela voz baixinha das poucas ligações e dos bate papo via Skype era realmente baixa, entretanto muito mais cativante quando você a ouve próximo ao ouvido.
                Mas, o jeito simples daquele menino inteligente mexeu ainda mais comigo, fez com que aquele sentimento adormecido a tanto tempo de mim voltasse aguçado. As mãos dadas durante o banho de mar fez com que meus outros amigos comentassem. O brinde na virada do ano, as mão dadas e os chamegos no banco de trás do carro no trajeto de volta para casa... Tudo isso... Tudo isso... Fez com que aquela velha ilusão retomasse o meu ser.
                Assisti-lo dormir... Quantas vezes, em apenas quatro dias, eu acordei e em silêncio simplesmente fique observado-o. O jeito engraçado como ele caminhava pelas ruas desconhecidas. Como dança mal o tímido garoto. Como mexeu comigo vê-lo pessoalmente.
Sentia-me feliz, os olhares das pessoas desconhecidas não me irritavam. Nem mesmo o calor insuportável que se faz em Floripa nesta época do ano não me fez esbravejar. E, até mesmo, dirigir ao lado dele eu consegui com naturalidade.

Mas, a despedida chegou. Os quatro dias passaram demasiadamente rápidos, até mesmo a pequena Ilha eu não consegui apresentar da melhor forma possível a ele. Para mim, ficou o cheiro na camiseta que ele usou para dormir; a taça em que brindamos a virada do ano e o sentimentalismo aflorado. E, com certeza, a expectativa de revê-lo em breve.