Quem me conhece bem, ou nem tão
bem assim, sabe que uso uma típica frase para me livrar de perguntas
relacionadas a sentimentos:
- Eu vendi as minhas vias lacrimais para
comprar cerveja. E, por isso, eu não choro.
Mas,
certos dias eu acordo com o corpo estranho, sinto que algo está errado comigo.
Como odeio médicos e as filas em torno da área da saúde, sempre consulto um especialista rápido e prático chamado de Dr. Google, muito conhecido por grande parte
da população mundial. Digito meus sintomas para ele e em seguida surgem “Aproximadamente
342.000 resultados (0,50 segundos)”. Mais eficaz do que isso impossível. Mas, dentre os mais de 300 mil diagnósticos, o
que mais me chamou a atenção foi que a maioria dizia ser “sentimentalismo” ou “carência”,
como não sei lidar muito com essas coisas, simplesmente resolvi não misturar álcool
e não sair nesta sexta-feira chuvosa de open
bar na balada.
Mas,
uma pergunta vem à tona:
O porquê desse sentimentalismo e carência?
Ano
novo, talvez! Época em que a maioria dos mortais racionais fazem planos de
melhorias de vida e demais clichês que abomino. Mas, no fundo, lá no fundo, eu
realmente sei a resposta. E a sei bem!
Tem
nome, sobrenome e endereço próprio. Esse é o problema, o endereço. Ok! Realmente
esse não é o maior problema, vou tentar explicar.
A
gente se conhece faz tanto tempo que, eu nem lembro ao certo como tudo começou. E o
melhor de tudo é que devido a essa distância as coisas sempre fluíram naturalmente.Porém, eu sempre com os sentimento à flor da pele, iludindo-me um pouco além do normal,
mas ele capricorniano sempre colocando o pé no chão e não me deixando sonhar e voar entre as nuvens. Talvez ele saiba mais de mim do que meus vizinhos que me viram
crescer. Talvez ele me ouça mais do que meus próprios amigos que convivo e
tenho contato fisicamente diariamente. Até então, ele era apenas um amigo
virtual que as probabilidades de encontro eram remotas. Mas, eis que o dia do encontro chegou.
E
aquele sorriso tímido que eu conhecia das fotos e conversas online era mais lindo pessoalmente. E
aquela voz baixinha das poucas ligações e dos bate papo via Skype era realmente
baixa, entretanto muito mais cativante quando você a ouve próximo ao ouvido.
Mas,
o jeito simples daquele menino inteligente mexeu ainda mais comigo, fez com que aquele
sentimento adormecido a tanto tempo de mim voltasse aguçado. As mãos dadas
durante o banho de mar fez com que meus outros amigos comentassem. O brinde na
virada do ano, as mão dadas e os chamegos no banco de trás do carro no trajeto
de volta para casa... Tudo isso... Tudo isso... Fez com que aquela velha ilusão
retomasse o meu ser.
Assisti-lo
dormir... Quantas vezes, em apenas quatro dias, eu acordei e em silêncio simplesmente
fique observado-o. O jeito engraçado como ele caminhava pelas ruas
desconhecidas. Como dança mal o tímido garoto. Como mexeu comigo vê-lo
pessoalmente.
Sentia-me
feliz, os olhares das pessoas desconhecidas não me irritavam. Nem mesmo o calor
insuportável que se faz em Floripa nesta época do ano não me fez esbravejar. E,
até mesmo, dirigir ao lado dele eu consegui com naturalidade.
Mas, a
despedida chegou. Os quatro dias passaram demasiadamente rápidos, até mesmo a
pequena Ilha eu não consegui apresentar da melhor forma possível a ele. Para
mim, ficou o cheiro na camiseta que ele usou para dormir; a taça em que brindamos a
virada do ano e o sentimentalismo aflorado. E, com certeza, a expectativa de revê-lo em breve.