Sexta-feira à noite, computador,
séries prediletas baixas, copo de café e a certeza de mais uma noite comum. De
repente, a janelinha com o barulhinho irritante do facebook pula pedindo
atenção.
- Joel, tudo bem?
- Oi anjo, tudo tranquilo,
felizmente. E com você?
Sim, se você já conversou comigo
provavelmente já terá lido a frase supracitada. E a minha citação pronta e
predileta.
- Estou mal!
Ai meu G-zuis, pensei, lá vem
mais um desabafo carente de sexta-feira, à noite: Meus pais não me compreendem,
meu namorado está me ignorando, meu namoro está indo para o “beleléu”, meus
amigos somente me procuram quando precisam de mim etc.
Voilà. Dessa vez era a dos
amigos! - Quero ir para balada e nenhum dos meus amigos quer ir! Vamos?
Oi?
Sim, ok! Eu já estou acostumado a
ser a última opção em tudo. Mas, no fundo, nem me importo mais com isso. Quando
meus amigos não podem ou não querem, eu vou só, eu vou só, eu vou só. E, além
do mais, sou parceiro para qualquer tipo de “saidinha”: “Joel! Vamos fazer
trilha?” – Sim, adoro. “Joel! Estás a fim de acampar?” – Mas, é claro.
“Comparsa! Vamos, amanhã, para Belo Horizonte?” – Sim, sim, sim.
- Vamos?
Dou uma olhada nas opções, e como
sempre, um “sim” vem.
Tudo pronto. Vamos à balada. Justamente
naquela que todo mundo torce o nariz, diz que é fim de carreira. Mas, ele
queria e eu era acompanhante de divertimento, então, tudo beleza.
Chegando ao local. O velho dito,
em partes, confirmou-se. Eram seis saindo de dentro do táxi “das Palhoca”, gente
chegando de moto CG 125, eram mais meia dúzia de gatos pingados... Mas, tudo
bem. Viemos para nos divertir! Viemos? Acho que alguém se esqueceu de me
comunicar. Ahhh!!! Serei verdadeiro, eu me divertir, sim.
Entramos, compramos fichas para
bebidas. Chego ao balcão e o garçom (atendente, barman – sei lá como se chama)
me disse: - É teu dia de sorte, pois, está é a última Heineken.
Oi?
Dia? Última cerveja? Sorte?
Oiiii?
Sento com meu amigo e não dá um
minuto e vem um argentino e senta ao lado dele e puxa papo. Os garçons
(atendentes, barmans – já expliquei, né?) olham para mim e riem. Eu olho com a
minha expressão facial de “Oi, como assim?”. Mas, tudo bem, somos amigos e
argentinos são sem noção...
Mas, tudo que é super animador
pode piorar... Principalmente quando você está em um ambiente que tenha
argentinos e outros tipinhos de gente.
As “porteiras” do piso superior
se abrem. DJ aumenta o som, todas se enlouquecem dançando. Ok, o DJ era uma
porcaria, péssimo, com músicas irritantes e sem alma, mas todos realmente
dançavam, até porque era o que nos restava. A decoração do lugar era em ritmo “virada
do ano” eca. Plaquinhas brancas anunciando 2013 penduradas, panos brancos,
borboleta branca, algo parecido com um lustre branco. Tudo branco, eu nunca
entendi essa fixação por branco na virada do ano. Renovação? Paz? Oi? Mas, tudo
bem.
Quando cheguei vi um moço parado,
encostado na parede. Falei para o meu amigo: - Que dó dele, sozinho. Mas,
uhulll, a festa está só começando. Vamos dançar.
Não deu cinco minutos e lá vem o
argentino. Não deu 10 minutos e veio um garoto e beijou o meu amigo. Sai
correndo pelo meio do salão rumo às escadas. Desci e fui ao banheiro. Meu amigo
me encontra e diz: - Porque você saiu correndo? Todos acharam que você é meu
namorado e estou te traindo! Eu ri demais, com isso. Mas, estava apurado para
ir ao banheiro. Tive que sair correndo. Tente imaginar eu correndo no meio da
balada. Sim, cena para minutos de risadas altas.
De volta à balada, meu amigo
pegou mais uns seis – eu parei de contar depois do sexto – tive que beber
Bohemia, dancei igual a um grilo porque minha canela direita ardia. De volta
para o banheiro.
Quando passei no corredor rumo ao
sanitário. O grupinho, ali aglomerado, começou a rir de mim e me chamar de Lady. Ok! Não é todo dia que eles podem
observar uma pessoa alta, magra, de xadrez e calça jeans Skinny. Então, isso foi o de menos. Até porque se
juntar o índice de QI dos três ali presentes, provavelmente seria inferior a de
um camelo.
Na volta sentei, com meu amigo, e
observei, enfim, uma pessoa bonita. Fiquei feliz, até olhar para os pés dele e
ver que ele usava um sapato igual ao da minha mãe. Oi? Sim, extremamente
broxante, eu sei.
De volta a pista, eu nem sabia
mais onde estava. Queria somente dançar e nada mais. Um menino ficou dançando
igual a um gafanhoto na minha frente, eu não dei bola. Deu um minuto e..., não,
não, meu amigo não o beijou. Mas, sim outro garoto e outro. Aiiiii... Eles meio
que estavam fazendo um ménage à trois na minha frente... Ah!!!!
Meu amigo volta para saber como
eu estava. Mas, antes disso, beija outro garoto (que parecei o homem aranha [
Tobey Maguire]
– ok estava escuro e eu bêbado, mas foi a imagem que ficou na minha
cabeça ). Apesar da canela direita ardendo eu disse que estava bem e
complementei afirmando “divirta-se”.
Nisso o “homem aranha” vem para
perto de mim, eu saio e vou para o outro lado do salão. Detalhe que nessa hora
existiam apenas umas cinco pessoas. Três no ménage. Eu, o homem aranha e o
chato do DJ.
Hora de ir embora. Eeeeeee. Chego
e meu amigo está com um garoto, super bonito. O segundo que consegui achar
bonito, e esse não tinha o sapato da minha mãe, ou seja, não era broxante.
Vamos caminhando até a parada de
ônx. E somente lá, ele me diz que o garoto vai para casa dele. (aliás, está lá
até agora).
Eu fico demasiadamente feliz pelas conquistas dos meus
amigos, sabe.
Mas, meio que me senti um lixo.
Porque eu sempre sirvo para ser somente o amigo. E, nunca o melhor amigo. Sou
sempre aquela segunda opção. Estudo um monte, e sou o aluno nota nove. Ajudo
todo mundo e? Somente sou lembrando em segundo caso.
É isso que me deixa chateado,
sabe. Hoje, fui à praia, porque não queria ficar na internet. Choveu na praia,
hehe. Ele me mandou várias mensagem, pedindo desculpas por ter me deixado por
várias vezes sozinho, por ter me chamado de Melmam. Disse várias vezes que sou
super engraçado para sair para festa, que adorou, que temos que marcar com mais
frequência.
Eu sei que eu não nasci para o
amor, já tentei esqueço diversas vezes. Mas, sempre acabo pensando nisso, e
acho que sempre estou mentindo para mim mesmo. Afinal, a quem eu quero enganar?
Isso está empregado nas nossas raízes. E, às vezes, eu realmente queria ter
alguém para fazer rir no sentido “ainda mais bom” da coisa.
Eu sei que no fim de ano as pessoas
ficam mais sentimentais e eu, talvez, esteja. Mas, me sinto frustrado, sabe. Já
liguei o botão do “foda-se”. Mas, volta e meia me pego pensando no amor e fico
de estomago embrulhado. Fim, eu vou me matar. Beijos e alimentem o meu gato.
Mentira, eu sempre sobrevivo.
Beijos...